Em 2004, a primeira edição do Festival América do Sul (FAS) foi realizada em Corumbá, MS, com duração de nove dias, entre 17 e 25 de setembro. O evento abalou o cenário cultural, intelectual e socioeconômico com participação de dez dos 13 países sul-americanos. Debates foram realizados com foco na integração regional e na cultura, meio ambiente e turismo.
Me lembro que foi iniciativa do ex-governador José Orcirio Miranda, ou simplesmente Zeca do PT. A estrutura fora montada na Avenida General Rondon, onde ficou o palco principal, e dezenas de estandes receberam artesanatos dos países que participaram do evento. Shows e apresentações circenses pelas ruas de toda cidade, incluindo o bairro Nova Corumbá, o município de Ladário e o país vizinho, Bolívia.
Neste ano, após um ano sem a realização do festival, que em 2024 fora cancelado por motivos como o excesso de calor e incêndios no Pantanal, a 18ª edição inicia com uma programação de apenas quatro dias. De lá pra cá, será que o festival evoluiu ou murchou?
Artisticamente falando, edições iniciais do FAS trouxeram para Corumbá mega shows como o de Ney Matogrosso, Marcelo D2, Milton Nascimento, Cordel do Fogo Cncantado, Jorge Aragão, Alceu Valença, Yamandu Costa, Manasses, Marcelo Loureiro e atrações internacionais como Patrícia Saravia do Peru, Mercedes Sosa Group da Argentina, orquestra Mattos Rodrigues do Uruguai.
Neste ano de 2025, observamos uma certa decadência de um festival que atraía milhares de pessoas de todo mundo. A grande abertura deste ano fica por conta de Duduca e Dalvan. Esse é o show principal conforme a programação divulgada. E sete palcos foram montados no Porto Geral, sendo que o principal está localizado no estacionamento do Centro de Convenções Ramon Gomez. Fica a pergunta: será que essa engenharia vai comprometer o estacionamento de veículos e das ladeiras para ter o ao Porto Geral?
Também sentimos falta dos músicos Matogrossenses como os irmãos Geraldo, Tetê e Alzira Espíndola, além do nosso violeiro consagrado Almir Sater. Na primeira edição, também houve uma exposição do artista plástico Jorapimo. Homenagens a personalidades dos países envolvidos, pela luta e envolvimento com a cidadania e a cultura. Na verdade foram os ícones da história mato-grossense. Realmente era um festival que exalava cultura, arte e literatura, mas a cada ano que foi ando o evento foi perdendo a característica principal que era de integração e discussão de questões voltadas ao desenvolvimento e meio ambiente do continente.
Observo que mais uma vez Corumbaá volta ao estigma do “já teve". Um evento que sequer teve divulgação de mídia, por parte do governo do estado, mostra certo descaso com o festival outrora tão comemorado. Pelo andar da carruagem o que teremos participando do evento serão as tropas da polícia e os seguranças contratados.
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