No Festival América do Sul Pantanal o Quebra-Torto ganha nuances literárias ao trazer, para este momento de compartilhamento, a presença de escritores brasileiros para apresentarem suas obras e protagonizar debates e reflexões acerca de temas da atualidade. Na manhã desta sexta-feira, 16, durante o Festival América do Sul 2025, no Moinho Cultural, foi a vez de Henrique Pimenta (Mato Grosso do Sul) e Marçal Aquino (São Paulo) revelarem um pouco da natureza humana brasileira. A curadoria é do professor André Rezende Benatti.
O evento começou com uma apresentação da Orquestra Corumbaense de Viola Caipira, regida pelo maestro Bibi do Cavaco. A orquestra nasceu a partir de 2010, com o instituto Acaia de Corumbá. E logo depois que o Sesc se instalou em Corumbá o Instituto Acaia transferiu todo esse trabalho para o Sesc.
“É uma orquestra que tem como característica trabalhar as músicas mais ligadas ao nosso estado. E aí sofrem a origens, as influências do Chamamé, sofrem a influência do cururu e de todos esses ritmos, inclusive até do vaneirão. Mas a gente também faz outros repertórios ligados à viola caipira. É um trabalho que vem crescendo ao longo do tempo. Tocar no quebra-torto é uma satisfação imensa. A recepção do público foi maravilhosa. E é um público diferenciado, é um público que consome cultura, que entende a cultura e que apoia a cultura”.
A diretora de Memória e Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Melly Sena, explica que o Quebra-Torto com Letras é uma atividade que é realizada desde a primeira edição do Festival América do Sul.
“Desde 2007 ele está no Moinho Cultural e desde então aqui é a casa dele. Quebra-Torto com Letras ou Quebra-Torto com Literário é um grande sarau literário em que a gente une literatura, conversa com grandes escritores, sempre nacionais, internacionais e daqui de Corumbá e de Mato Grosso do Sul, com música e também finalizando com o nosso tradicional quebra-torto, que é aquela comida para o café da manhã pantaneiro”.
O escritor paulista residente no Rio de Janeiro, Marçal Aquino, é também roteirista de cinema e televisão, por isso vive entre São Paulo e Rio, escrevendo no cinema, escrevendo na televisão e publicando seus livros. No Quebra-Torto, ele compartilhou um pouco a experiência de fazer literatura no Brasil. Eu acho que falar um pouco menos de roteiro e falar mais de literatura, que eu acho que é sempre importante falar porque a gente conhece as dificuldades da leitura e dos livros do Brasil. Se eu quando comecei com literatura já era uma proeza, hoje em dia é mais complicado. Cada vez menos pessoas leem e que, ironicamente, nunca se escreveu tanto nas redes sociais. Os livros não vendem. É praticamente impossível você viver de literatura, é muito difícil publicar. Voltamos a modelos dos anos 60. Eu tenho impressão, assim, que são as mudanças de comportamento, são inevitáveis, não sou eu que vou falar contra as redes sociais, mas é irônico que as pessoas escrevam tanto e leiam tão pouco”.

O escritor, poeta e contista Henrique Pimenta, que mora desde 1995 em Mato Grosso do Sul mas é natural de Resende – RJ, falou um pouco sobre a sua literatura. “Eu já estou 100% ambientado com essa terra, que agora eu chamo de minha terra, de nossa terra. E eu vou trazer um pouco da minha literatura, da minha profissão, da minha arte. Falar um pouco da minha poesia, um pouco dos meus contos, das minhas ficções. E tudo isso misturado à minha vida, porque minha vida e a minha literatura se mesclam ao Mato Grosso do Sul. Eu trabalho com a chamada literatura contemporânea. Então, o meu primeiro livro já comecei fazendo sonetos eróticos, algo que seria uma novidade aqui na terra. É um livro de 2012, então eu tenho outros livros de poemas e na parte dos contos, o meu primeiro livro, Ele adora desgraça azul, foi publicado em 2016. Ele é praticamente todo ambientado em cidades de Mato Grosso do Sul e eu recebi o Prêmio Guavira, na última edição do Prêmio Guavira, como o melhor livro de contos de Mato Grosso do Sul. Então, assim, a literatura do Henrique Pimenta tem tudo a ver com Mato Grosso do Sul. Ser um escritor eu acho que extrapola a questão de ser sul-mato-grossense, mas eu gosto de ser uma expressão de Mato Grosso do Sul. Eu e todos os escritores daqui estamos na periferia do chamado grande eixo, é uma coisa natural e cada vez mais, não que a gente tente se aproximar do eixo, mas nós queremos que o eixo se aproxime de Mato Grosso do Sul e nós tenhamos um maior reconhecimento em nível nacional e caçado até em nível internacional”.
Na cozinha, preparando as iguarias para o Quebra-Torto, à frente dos trabalhos estava Lídia Leite, responsável pelo Quebra-Torto desde o primeiro Festiva América do Sul desde 2004. “E eu trabalho com a minha equipe, todas desde o primeiro Festival também. E nós fazemos os dois dias do Quebra-Torto. O primeiro dia, carretero com farofa, paçoca, os bolinhos de chuva, a sopa paraguaia. E o segundo dia é o macarrão de comitiva com tudo isso também. E o feijão gordo que a gente serve. É muito gratificante participar, porque a gente gosta muito de estar nesse seto. Eu sou turismóloga e me especializo em gastronomia, então para mim o Quebra-Torto é uma coisa que eu amo. Você faz com muito carinho e aí, de repente, você vê o pessoal degustando. Isso é maravilhoso pra todas nós”.
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