Em uma ação conjunta para fortalecer a prevenção de incêndios florestais, integrantes do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) participaram de um acampamento especializado na Bolívia, voltado à formação de brigadistas. O treinamento foi realizado em Santiago de Chiquitos e promovido pela Fundación Organización de Apoyo Legal y Social (ORE), Fundación CERAI e o Governo Autônomo Departamental de Santa Cruz.
O encontro teve como foco a troca de experiências e técnicas de combate ao fogo, com destaque para as tecnologias utilizadas pelo IHP em áreas remotas do Pantanal. A programação incluiu aulas teóricas e atividades práticas, em um cenário alarmante: só em 2024, a Bolívia enfrentou uma das maiores crises ambientais da história, com mais de 6,9 milhões de hectares queimados apenas no Departamento de Santa Cruz — região que faz fronteira com o Brasil e abrange parte do Pantanal.
A tragédia também atingiu o Departamento de Beni, com mais de 2,9 milhões de hectares destruídos. Juntas, essas áreas representam 97% do total de focos de incêndio registrados no país no ano ado, conforme dados oficiais.
Para o diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo, a cooperação internacional é essencial. “Os países podem ter linhas de fronteira, mas o fogo não encontra fronteiras. O Brasil foi atingido por incêndios que estavam do outro lado do país, e também houve casos de fogo em território brasileiro que atingiu a Bolívia. Temos que unir esforços, usar tecnologia disponível e trocar conhecimento para fortalecer a conservação.”

A capacitação abordou desde o uso de ferramentas básicas no combate direto ao fogo até a integração comunitária, com simulações de primeiros combates, construção de aceiros e linhas de defesa. Também foi apresentada a aplicação de inteligência artificial no monitoramento de focos de calor, por meio do Sistema Pantera, que cobre mais de 1 milhão de hectares e é operado pelo IHP.
Representando a instituição brasileira, participaram o gestor da brigada Heuller Hernany Corrêa e o analista de tecnologias Igor Souza. “Pudemos tirar dúvidas dos representantes das comunidades presentes, reforçamos a importância de haver comunicação integrada entre as comunidades, por meio de líderes locais. Apresentamos detalhado o trabalho feito pela Brigada Alto Pantanal na região da Serra do Amolar, como é feito o uso do monitoramento por sistema com inteligência artificial, abordamos sobre o Sistema de Comando de Incidentes (SCI), aplicativos importantes para monitoramento meteorológico, a importância no foco da prevenção, construção de aceiros.”
Além do IHP, estiveram no treinamento guarda-parques da Área Natural de Gestão Integrada (ANMI) San Matías, representantes da reserva de vida silvestre Tucabaca, moradores de comunidades locais como Santo Corazón, Laguna Concepción e San Fernando, e integrantes de sub-governadorias.
As atividades ocorreram entre os dias 4 e 7 de junho, período que antecede a temporada mais crítica de queimadas na região. Ao fim do acampamento, o IHP também se comprometeu a compartilhar dados de monitoramento por câmeras e alertas de focos de fogo com os novos brigadistas bolivianos.
A importância da iniciativa foi reconhecida pelo governo de Santa Cruz, que divulgou nota oficial: “Nossos bombeiros florestais participaram de uma capacitação em Roboré focada nas técnicas básicas contra incêndios florestais (TBCIF) e no programa Comunidades Preparadas. Contamos com a participação de instrutores do Instituto Homem Pantaneiro. Agradecemos o apoio da Fundación Organización de Apoyo Legal y Social (ORE) e da Fundación Centro de Estudios Rurales y de Agricultura Internacional (CERAI), que apresentaram o programa ‘Campamento especializado de formación para bomberos forestales’”, informou o comunicado.
*Com informações do Instituto Homem Pantaneiro (IHP).
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